Por Nathan Lopes
O maior problema de Santiago é visível. Basta olhar o céu e se notará uma mescla de azul com uma densa camada cinza. O ar da capital chilena nem disfarça a poluição que carrega para todos os lados.
A causa vem, como sempre, dos veículos. O combustível dos automóveis no Chile é exclusivamente a gasolina – ou diesel, no caso dos caminhões. Porém, é injustiça colocar a culpa toda neles. O frio também é responsável.
As casas de Santiago utilizam “estufa” para aquecer os ambientes. “Estufa”, em espanhol, é “aquecedor”. Para evitar problemas, a tradução do significado da palavra em português é “invernadero”. Esse aparelho funciona a gás. O objeto que se acha com mais facilidade em qualquer lugar é o botijão. Além de ser usado nos fogões, ele tem a missão de não deixar ninguém passar frio. Também existem os aquecedores elétricos, mas não são muito populares. O gasto com as “estufas” é mais econômico. E isso mesmo com uma conta alta vinda da Argentina, país do qual importa seu gás.
São Paulo também é uma cidade poluída, mas tem uma vantagem: não existe a cordilheira dos Andes em seu entorno. Não, ela é muito bonita de se observar, tentamos até imitá-la com a nossa serra da Cantareira. O problema é que a cordilheira não deixa o vento tirar a poluição do ar da cidade. Ela sempre para nos Andes. Com isso, a camada cinzenta fica cada vez maior.
A situação fica nítida quando se visita as duas colinas de Santiago: o cerro San Cristóbal e o cerro Santa Lucía. Este é um pouco mais baixo. Mesmo assim, a vista da cidade já fica um pouco embaçada. Não tive esse problema, pois quando fiz a visita havia chovido no dia anterior. Esse é o melhor momento para conhecer os cerros, já que a chuva limpa um pouco o ar da cidade. Já a imagem obtida do cerro San Cristóbal parece a mesma de uma pessoa que veste óculos sujos. E isso só na metade da subida. Quanto mais metros são percorridos, menos se enxerga a cidade. Ela parece coberta por um lençol cinza. A coitada da Virgem, que fica no cume da colina, nunca deve ter visto Santiago como ela é.
O resultado da poluição são tosses, garganta irritada, espirros, nariz entupido. Enquanto ela persistir, recomenda-se que se visite, antes de viajar, um otorrinolaringologista. Ou, pelo menos, leve um soro fisiológico na mala. Vai dar para aproveitar tudo muito mais.